A Coleção

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DE UMA “BATALHA PELA CULTURA”

Todo o movimento cultural começa pela idéia da criação de uma Biblioteca Pública Municipal sugerida pelo professor Vingt-un Rosado como parte integrante de um programa de campanha política, do candidato ao governo municipal seu irmão Dix-sept Rosado, nos idos de 1948.

 

Eleito prefeito municipal da cidade de Mossoró, Dix-sept Rosado cumpre com o compromisso assumido na campanha eleitoral e cria após cinco dias de empossado, mediante o Decreto Executivo de n º 04, em 05 de abril de 1948 a Biblioteca Pública Municipal de Mossoró, com 1.138 obras em 2.131 volumes, elevando esse número para 10.181 volumes, em 1956, além de 2.166 folhetos e 2.523 periódicos. De primeiro de outubro de 1948 a 23 de setembro de 1949 foram emprestados 4.950 livros. Essa construção foi considerada como o feito iniciador de um maior programa cultural acontecido numa administração pública, para a época.

 

Criada mediante ato oficial, começa o processo de estruturação e organização da Biblioteca incluindo-se pessoal e implementos, cujos encargos passam a ser de responsabilidade de uma comissão nomeada pelo então prefeito. Os nomeados assumiram seus encargos competindo a cada um, de acordo com suas habilidades, as tarefas requeridas para a devida organização e estruturação da biblioteca.

Além dos encargos de redação de ofícios, da classificação e catalogação de títulos, de estudos e consultas pelos membros da comissão sobre o assunto biblioteconomia, outras providências foram sendo tomadas como a solicitação do registro da Biblioteca Pública no Instituto Nacional do Livro (INL), aquisição de títulos para compor o acervo cultural, aquisição de equipamentos e mobiliários necessários ao uso (mesas, birôs, estantes), e a conquista da liberação de uma sala no antigo Clube Ipiranga, para o seu real funcionamento.

Rafael Negreiros enviou ofícios circulares por todo o Brasil, conseguindo resultados exitosos.

Com vistas à sua implementação várias campanhas para a doação de livros foram encetadas, destacando-se na época, conforme citam os registros, o empenho de Dix-huit Rosado junto à pessoas da capital, chegando a arrecadar cerca de aproximadamente 2 mil volumes, merecendo também destaque Rafael Bruno Fernandes de Negreiros que enviando ofícios circulares por todo o Brasil, consegue resultados exitosos.

A dinâmica da vida da Biblioteca começa a eclodir através da confecção de boletins, mediante a participação de vários voluntários, sendo numerados por assuntos específicos, como por exemplo, os registros de todas as atividades culturais exercidas no programa do governo municipal de Dix-sept Rosado e continuadas pelo governo municipal do Prefeito Vingt Rosado.

Ao assumir o governo do Estado do Rio Grande do Norte o então governador Dix-sept Rosado continua a se comprometer com a impressão do Boletim pela Imprensa Oficial, sendo o de número 31 a ser o primeiro impresso. Cabia à Prefeitura Municipal a colaboração com a doação de papel, já que a impressão era gratuita.

Na formatação e impressão dos Boletins, de início, houve uma variação de órgãos que se responsabilizavam por sua tiragem, sendo alguns feitos tanto pela Imprensa Oficial (dos números. 37 a 40), sendo outros custeados pela Prefeitura Municipal de Mossoró (dos números 41 a 100).

Outros documentos passam a surgir como os folhetos avulsos, sendo alguns custeados pelos próprios autores, outros pela Prefeitura, além dos livros de autoria de diversos autores como: José Otávio, Luís da Câmara Cascudo, Raimundo Nonato da Silva, José Martins de Vasconcelos, editados à base de colaboradores com dinheiro, com o apoio da Imprensa Oficial, da Prefeitura Municipal através da doação de papéis, dinheiro, responsabilizando-se pela maioria das publicações.

COMEÇA O TEMPO DE PENSAR A “COLEÇÃO MOSSOROENSE”

Com a estruturação de um acervo bibliográfico composto de títulos, boletins, periódicos, cordel, a “Coleção Mossoroense” se institui nos abissais do âmago de uma Biblioteca Pública que passava a parir os seus rebentos, começando a dar uma forma mais enfática ao movimento da “Batalha pela Cultura”. Visando uma melhor performance do controle na sua organização a “Coleção Mossoroense” sistematiza-se mediante uma divisão definida por séries, entre: Série “A”, “B” e “C”, até 1956, além dos trabalhos avulsos sobre o “Padre Longino”, “Lampião” (de autoria de Veríssimo de Melo) e “Centenário do Município” (de autoria de Raimundo Nonato).

No movimento da luta pela “Batalha Cultural” ascende como idéia, mais uma vez do Professor Vingt-un Rosado a necessidade de se instituir o Museu Municipal passando a se organizar através das seções de Arqueologia com um número aproximado de 300 peças provenientes da região de Mossoró, de Fotografias, por iniciativa de Luís da Câmara Cascudo, contando com um milhar de unidades; a de Paleontologia recebendo na época merecida honra de citações da Academia Brasileira de Ciência, pelo doutor Luciano Jacques de Morais, constando de uma coleção de alguns milhares de fósseis, originários da cidade de Governador Dix-sept Rosado e de uma valiosa coleção de peças indígenas dos Canelas, do Maranhão.

A Biblioteca Pública Municipal como diz o professor Vingt-un “foi o ventre generoso” que deu o surgimento de várias outras ações a favor da cultura em Mossoró.

A Biblioteca Pública Municipal como diz o professor Vingt-un “foi o ventre generoso” que deu o surgimento de várias outras ações a favor da cultura em Mossoró, através dos feitos como: a criação da Biblioteca Infantil, do Museu Municipal, o Boletim Bibliográfico, o Curso de Antropologia Cultural e a “Coleção Mossoroense” caracterizada pelas suas três primeiras séries (A,B e C), sendo considerada por Edson Nery da Fonseca “um dos mais sérios empreendimentos editoriais do Brasil”.