A Fundação Vingt-un Rosado relembra o vazio que ficou após o falecimento do seu patrono e de América Fernandes Rosado

A Fundação Vingt-un Rosado relembra o vazio que ficou após o falecimento do seu patrono e América Fernandes Rosado.

Seu filho, Dix-sept Rosado Sobrinho recorda que Vingt-un Rosado era “Um cidadão mossoroense, reconhecido no Brasil, e conhecido em várias partes do mundo”. E até hoje é lembrando como um dos maiores benfeitores de Mossoró.

Ele atuou em diversas frentes de trabalho, sempre com maestria, mas foi como criador da Coleção Mossoroense, a maior coleção de obras literárias do País que ele teve maior destaque.

Nesta mesma Coleção, ele publicou diversos títulos, sendo inclusive, seu primeiro livro publicado, uma homenagem a sua cidade: Mossoró, lançado em 1940.

Vingt-un Rosado morreu na tarde do dia 21 de dezembro de 2005, em Natal/RN, vítima de parada cardíaca. Ele mesmo foi submetido a quatro pontes de safena, mas nada que pudesse solucionar a sua cardiopatia, que era crônica. O historiador faleceu com 85 anos, após sucessivas paradas cardíacas e um quadro cardíaco instável.

Durante o período que esteve no hospital com problemas cardíacos, o seu coração não esqueceu a sua paixão: trabalhou até os últimos momentos de consciência. E até no internamento ainda se preocupava com a Fundação Vingt-un Rosado. Do hospital, Vingt-un dedicou-se aos projetos da Fundação, recebendo assessores e auxiliares nos poucos momentos de visitas.

O corpo de Vingt-un foi trazido de Natal para Mossoró e foi velado no prédio central da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), antiga Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), instituição que foi fundada por ele.

O escritor Geraldo Maia do Nascimento escreveu a obra “O Criador do País de Mossoró – Uma biografia de Vingt-un Rosado” que traz um vasta informação do homenageado, “Mas que resume a grandiosidade dos feitos deste homem da cultura, da educação e do conhecimento“, comenta Eriberto Monteiro, atualmente editor da Coleção Mossoroense e coordenador e executor de reestruturação da Fundação Vingt-un Rosado.

A realidade é que cultura sem ele está caminhando sem brilho. Ele deixou Mossoró órfã de sua sabedoria, além de projetos na área cultural. Sem a presença dele, o esforço está sendo imenso para dar continuidade a Fundação que leva o seu nome. Tudo ficou mais difícil. Porém, apesar de todos os problemas,  a Coleção Mossoroense está sendo reorganizada e será catalogado para melhor atender a sociedade. Haverá também um trabalho de conservação da biblioteca particular dele e a criação de um memorial em sua homenagem.  Atualmente, a sede da Fundação Vingt-un Rosado está localizada na Biblioteca Pública Municipal Ney Pontes Duarte, local que tem influência de Vingt-un da sua criação no ano de 1948.

Sua partida provocou muitas incertezas no cenário intelectual do Rio Grande do Norte. A bem da verdade, Mossoró perdeu o seu filho ilustre. E esta perda, até hoje, é irreparável.

Antes de falecer, Vingt-un publicou uma plaquete (série B – volume 2706) intitulada “Normas Acadêmicas para o velório e sepultamento de Vingt-un”. Trechos do livreto informa o desejo dele: “…O sepultamento será no cemitério novo e não haverá túmulo. Serei coberto pela terra do solo sagrado de Mossoró. Neste solo serão plantadas cactáceas e bromeliáceas, tal como fiz quando da fundação da ESAM na antiga fazenda de Fuão Pinto…” E assim foi feito…

No caso da sua companheira, a professora América Fernandes Rosado Maia, faleceu 4 anos após: 21/12/2009. O próprio professor Vingt-un apaixonado, costumava dizer que “descobriu a América em Minas Gerais” fazendo referência a sua esposa, a mineira América Fernandes Rosado, sua companheira por 58 anos.

Do enlace matrimonial, acontecido dia 25 de setembro de 1947, em São Paulo, nasceram os filhos: Maria Lúcia Fernandes Rosado do Amaral, Jerônimo Dix-sept Rosado Maia Sobrinho, Lúcia Helena Rosado da Escóssia, Isaura Ester Fernandes Rosado Rolim e Leila Rosado de Medeiros.

Depois da perda de Vingt-un, América passou por momentos de tristeza imensa. Ela mesma contava que o segredo da sua alegria de tão longa convivência estava no tratamento carinhoso, afetivo e ao amor que existia entre ela e Vingt-un. Informou ainda que se “sentia completa com ele, pois tinham ideais e valores semelhantes”.

Uma das provas do sacrifício mútuo, um dos sonhos do casal era conhecer a Europa e realizar algumas viagens. Mas dona América informou que “não foi possível realizar em face da dedicação máxima de Vingt-un a sua obra cultural”. Dona América ainda completava dizendo que, a luta de Vingt-un, também era a sua luta.

América Foi uma das idealizadoras da Fundação Vingt-un Rosado no dia 06 de abril de 1995, exatamente quando a Coleção Mossoroense passava por uma dificuldade imensa para manter-se.

Sua paixão, além das ações pelo marido, nas suas palavras quando dizia: “Se todos seguissem o exemplo de Vingt-un teríamos um mundo muito melhor, um mundo diferente”.

O mundo ficou mais vazio sem estas duas importantes personalidades culturais. Para alguns, coincidência, mas nos exatos quatro anos depois da morte de Vingt-un, em 21 de dezembro de 2009, morria dona América Fernandes Rosado Maia. Foi como se tivesse escolhido o dia 21 de dezembro para a sua morte. Seu corpo foi sepultado em Mossoró, a terra que tanto amou.

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