Amigos e literatos reconhecem o talento do neto de Vingt-un Rosado após vitória dele em concurso nacional de literatura

Os amigos e vários literatos reconhecem o talento do neto de Vingt-un Rosado, Marcelo Dantas Rosado, após a vitória dele em concurso nacional de literatura promovido pela revista Piauí. Marcelo concorreu com vários textos e venceu com o conto “O Beletrista de Antanhos”.

A escritora Dulce Cavalcante, parabenizou Marcelo pela conquista e relembrou que “Vingt-un deve está sorrindo”, numa alusão a satisfação do avó pela vitória do neto e a continuidade do seu legado.

Ângela Gurgel, escritora que iniciou sua vida literária pelas páginas da Coleção Mossoroense, assim se manifestou: “Que boa notícia. Mais um conterrâneo vencendo um concurso literário nacional. É nossa literatura indo além das fronteiras do país de Mossoró”.

Outro que também fez questão de parabenizar pela conquista, foi o escritor Raí Lopes. “Neto e filho de peixe, peixinho é”. Esta, além da referência ao professor Vingt-un, trazendo referência ao pai de Marcelo, o presidente da Fundação Vingt-un Rosado, Dix-sept Rosado Sobrinho, que também é escritor. O próprio Dix-sept Sobrinho agradeceu o     carinho e, em nome de Marcelo, agradeceu a deferência. Raí Lopes é um premiado escritor que também é referência pelas páginas da Coleção Mossoroense. Ele já venceu, inúmeros concursos literários, dentre eles, o Rota Batida.

Quem trabalhou trabalhou por longos anos com Vingt-un Rosado, Raniele Alves, relembra de Marcelo quando criança. Raniele expressa um sentimento de satisfação: “Surpresa boa. Não sabia que Marcelo tava enveredando pelo mundo da leitura. lembro que quando criança, Marcelo chegou a lançar um folheto de poesia pela Coleção Mossoroense. Agora, na fase atual, ganhando competição nacional. Mostra o quanto é importante o incentivo a leitura das crianças. Parabéns”.

Raniele também é autor de obras com o selo da Coleção Mossoroense e continua contribuindo com o legado de Vingt-un, na Fundação Vingt-un Rosado.

Seus primos e amigos Daniela Rosado e Wagner Rosado, na oportunidade, expressaram seu sentimento de aprovação e valorização através do emoji palmas. E é realmente uma conquista que merece todo aplauso possível. Além dos primos, a escritora cearense Rizeuda da Silva, assim se expressou.

Eriberto Monteiro, atual editor da Coleção Mossoroense e coordenador do seu acervo, também mostrou-se muito feliz. Principalmente pelo legado continuado de Vingt-un: “Dentro de Marcelo corre nas veias o sangue literário de Vingt-un que precisa ser potencializado. Talento ele tem. Então, que ele continue seguindo os passos do seu avô e inspire outros parentes e escritores anônimos a fazer cultura neste país de Mossoró” .

As manifestações aconteceram depois que a informação foi publicada neste site e poderá acompanhar pelo link  https://colecaomossoroense.org.br/site/2020/05/08/o-neto-de-vingt-un-rosado-venceu-o-concurso-nacional-de-literatura-promovido-pela-revista-piaui/

Marcelo Dantas é filho do presidente da Fundação Vingt-un Rosado, Dix-sept Rosado Sobrinho com a doutora Kátia Dantas. E como a literatura corre nas veias da família através de Vingt-un, o legado literário está sendo mantido.

Outrora o destaque da família foi o bisneto de Vingt-un, Eduardo Rosado que escreveu o texto sobre o Covid-19. Assim como Eduardo, Marcelo tem mostrado o trato com as letras, tal qual Vingt-un Rosado.

É importante notar o despertar da nova geração de Vingt-un ao talento que cada um possui. A Coleção Mossoroense estará disponível para levar ainda mais longe o sonho de cada um e o legado Vantaneano. E reforçar o desejo que esta aptidão seja alimentada a cada dia com o que corria nas veias do saudoso professor Vingt-un: CULTURA.  MUITA CULTURA.

Segue, abaixo, o texto vencedor de Marcelo Dantas Rosado Maia:

O BELETRISTA DE ANTANHOS

Discursava com desenvoltura nunca antes vista, falava palavras antigas, ideias que haviam se perdido no ocaso de civilizações desconhecidas. Apelava para o que há de melhor na humanidade. Falava, vejam só, em humanidade. Defendia com punhos cerrados a justiça, a equidade.

Ninguém o entendia.

Os que estavam mais próximos julgavam que era espanhol, os que estavam mais distantes diziam que era tcheco. “Deve ser gago”, diziam uns. “Ou gagá”, respondiam outros.

Embora distante do chão pela altura da sua grandiloquência, não pôde deixar de notar o caráter prosaico daquele lugar. Foi aí que dirigiu sua atenção aos presentes.

“Empertigam-se os justos face à maledicência febril que desvirtua os incautos! Malventurosos aqueles que confundem vícios com virtudes, que não submetem suas vontades à verdade e que sucumbem com facilidade ao jugo de déspotas dispostos a usar em vão o nome do seu Deus!”

Daquele falatório incompreensível, uma palavra havia despertado os sonolentos interlocutores, que logo responderam:

– Amém!

– Aleluia!

– Glória!

– Deve ser padre!

Assim, logo levaram o confuso padre espanhol para se consultar com a maior autoridade intelectual da cidade: um ex-adolescente que havia passado severos meses em intercâmbio no hemisfério norte. Fritando hambúrgueres.

Como não se sabia de que tempo ou de que pradarias vinha aquele sujeito, o sábio local esforçou-se para tentar apresentar a referência cultural mais antiga que lhe acudiu.

Recorreu a um velho baú de MDF empoeirado em que guardava uma inestimável coletânea da sabedoria antiga. Segurando um pôster de outrora, falou pausadamente com os olhos e ouvidos arregalados, na esperança de estabelecer algum contato:

– Darth Vader!

Para frustração do sábio, o padre não se interessou pelo pôster. Estava, àquela altura, com os olhos marejados, fixados num encarte de papelão que repousava bem no fundo do baú. No papelão era possível ler, em grandes letras desbotadas pelo tempo: “Novos Baianos”.

“Formidável prosódia!”, disse o estrangeiro, com a voz embargada, para espanto dos demais.

Não houve, depois dessa, muitas outras tentativas de comunicação entre os habitantes locais e o peregrino. Nos meses que se seguiram, um estranho equilíbrio se estabeleceu. Com exceção de algumas crianças – que se divertiam com as falas exóticas do espanhol – e dos loucos da cidade, que demonstravam genuíno apreço por tão excêntricas ideias, ninguém mais dava atenção àquele imigrante que persistia inabalável nos seus discursos de tamborete.

E foi então que, mais por cortesia que por enfermidade, o estranho homem começou a se desfazer. Primeiro se desfizeram os trejeitos polidos, depois a firmeza de caráter; por fim, as ideias. Desfazia-se como pétalas que se entregam ao vento. Dizem que ao mesmo vento que o trouxera tempos atrás. E o que sobrou daquele sujeito, que ninguém sabe se era moço ou velho, branco ou preto, feio ou bonito, foi um pedacinho seu que, ao saltar frente ao espelho, me deixou mais triste. Um fio de cabelo no meu paletó”.