Cultura em cinzas

 

A tão sofrida cultura brasileira está de luto e em cinzas desde ontem após o lamentável incêndio no Museu Nacional do Rio.

Percas irreparáveis de um acervo riquíssimo para a história, para a paleontologia, para a ciência, para a humanidade.

Um domingo apocalíptico que entrará para a história negativa brasileira. Um cenário devastador com um misto de tristeza profunda e revolta intensa. Uma indignação que vai além da repulsa. Um crime contra a história de uma nação inteira, contra o conhecimento, contra a natureza humana.

Um projeto humano de 200 anos ardeu em chamas num país que pouco valoriza sua cultura. Uma tragédia anunciada…

A bem pouco tempo o Ministro da Cultura do atual Governo Federal, pediu demissão, informando a precariedade da pasta. Segundo ele, “o Ministério da Cultura teve o seu orçamento reduzido em 43%, inviabilizando a realização efetiva de qualquer projeto para o desenvolvimento da cultura brasileira. Este foi um grande flagrante desrespeito com a autonomia do setor”.

A precarização e o desmonte vem ocorrendo de uma forma que está minando toda capacidade que resta para reerguer nossa sofrida cultura. Ela está completamente descartável.

Mas, não é de hoje este descaso com a cultura. Tiramos como exemplo a própria Coleção Mossoroense que esteve sofrendo uma decadência desoladora que parecia não ter fim. Inclusive, houve o decreto da sua finalização. Pelo menos, boa parte da mídia deu como certa o encerramento das atividades.

Sem recursos para manter-se, mas com pessoas capazes de mudar está história, a Coleção permanece vive para contar sua história. Mas, as dificuldades constantes fazem com que a cultura patine à beira d

o abismo.

Não sabemos o que acontecerá. O dia de hoje é de luto e o de amanhã, de luta. A cultura está sempre frente a frente com o perigo na eminência de arder em chamas para nunca mais voltar, para não sobrar nem cinzas para contar sua história. Ou, se sobrar cinzas, jogar no mar do esquecimento…

Fora os sonhos, os anos de estudos  e algo em torno de 20 milhões de peças foram perdidos no incêndio. Uma proporção que não se pode calcular.

Abaixo, segue a lista das principais peças do museu:

O fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil (crânio feminino chamado pelo nome de Luzia);

A coleção egípcia de D. Pedro II, com as primeiras múmias da América Latina;

A coleção greco-romana da Imperatriz Teresa Cristina;

A coleção de taxidermia;

Os diários da Imperatriz Leopoldina;

Arte plumária das Américas;

Arquivo do Centro de Documentação de Línguas Indígenas;

O trono do rei do Daomé;

O fóssil do maior dinossauro montado no Brasil;

O manto dos reis do Havaí;

Os afrescos de Pompéia;

Uma biblioteca de obras raras;

A Coleção Arqueológica Balbino de Freitas. (Acervo que reunia materiais construídos por populações que viveram na costa brasileira entre 8 mil anos atrás e o início da era cristã);

A maior biblioteca de antropologia do Brasil; e

O meteorito Bendegó (maior meteorito encontrado no país).