Espetáculo Chuva de Bala no país de Mossoró estreia logo mais no canal do Youtube da Prefeitura Municipal de Mossoró

O Espetáculo Chuva de Bala no país de Mossoró estreia logo mais no canal do YouTube da Prefeitura Municipal de Mossoró

O retorno do espetáculo acontece em 2021 após o ano passado não ter apresentação devido a pandemia do Coronavírus.

Tradicionalmente, a atração é encenado no adro da Capela de São Vicente e este ano será em formato de cinema, exibido pelo canal do YouTube da própria prefeitura.

A representação conta a história da bravura do povo mossoroense liderada pelo então prefeito Rodolfo Fernandes na resistência ao bando de Lampião, ocorrido no dia 13 de  junho de 1927. Na época, a capela foi utilizada como importante trincheira durante o combate.

A primeira versão do espetáculo, encenada em 1977, não tinha o mesmo glamour dos atuais. A atração ganhou status a partir de 2002 quando ressurge com o nome Chuva de Bala no País de Mossoró e sob a direção do artista global Antônio Abujamra.

Esta versão conta com mais de 100 pessoas envolvidas, direto ou indiretamente, sendo 72 artistas de 16 grupos teatrais e mais diversos artistas independentes, entre bailarinos, atores, atrizes e músicos.

Quem mais dirigiu o espetáculo foi o dramaturgo, ator e figurinista, João Marcelino (13 no total) e atualmente a direção está aos cuidados de Marcos Leonardo que já participou como protagonista no papel de Rodolfo Fernandes.

Marcos Leonardo nos conta da sua emoção de trabalhar mais uma vez neste importante espetáculo que é sucesso nacional.

A Fundação Vingt-un Rosado esteve conversando com o diretor Marcos Leonardo através de Eriberto Monteiro, numa entrevista que mostra a sensibilidade de quem é responsável pelo sucesso do Chuva de Bala no país de Mossoró.

 

ENTREVISTA

Eriberto Monteiro – Você esteve presente em quase todos os espetáculos do Chuva de Bala, seja no palco ou nos bastidores. Qual a sensação de estar novamente na direção do espetáculo ?

Marcos Leonardo – A sensação é sempre de muita responsabilidade. indiferente que você esteja ou na frente como ator ou nos bastidores. Tanto como figurinista, tanto como assistente de direção, tanto como diretor. Nós somos artistas e sempre queremos fazer o melhor para o espetáculo.

EM – Com todo o problema de limitação devido a pandemia, qual a maior dificuldade de trabalhar neste espetáculo, versão 2021 ?

ML – Exatamente a pandemia. A pandemia nos limita em muitas coisas. Por exemplo: nunca, nenhuma hora, nenhum momento os 72 atores estiveram juntos. A gente teve que ser filmados por núcleos. Uma hora o povo do prefeito, hora o povo do cangaço, hora os bailarinos, hora os músicos. Nunca, todos estiveram juntos. Essa foi a grande dificuldade.

EM – Você traz para sua vida profissional aprendizados nesta versão virtual do espetáculo ? Quais ?

ML – Claro. Toda hora a gente aprende uma coisa nova. E eu não sou uma pessoa do audiovisual. Eu não sou chegado a uma entrevista. Eu não sou chegado em me ver em vídeos. E agora tive que aprender esta nova linguagem, este novo normal. Este normal de até fazer teatro filmado. E isso é um aprendizado.

EM – Em 2019 você homenageou o poeta Antonio Francisco. Para este ano, teremos alguma homenagem especial ?

ML – Continuo com as homenagens. Este ano eu seria muito ingrato se não homenageasse a saudade de fazer teatro. É nisso que é inspirado toda abertura do espetáculo: a saudade de fazer teatro. De ver o teatro cheio. de ver uma plateia cheia. De ver os atores felizes. De ver o povo ganhando dinheiro. Então, a nossa homenagem é ao teatro e ao teatro com vida. Com vida.

EM – O Chuva de Bala no país de Mossoró é um espetáculo conhecido por atrair uma plateia de várias regiões. Um espetáculo que encanta. Alguma surpresa para os internautas ?

ML – A grande surpresa é que, a situação atual, esta pandemia nos obrigou a utilizar o audiovisual. Esta é a grande surpresa. E quem assistir ao espetáculo todo vai ver. o espetáculo de teatro gravado. a junção de música, dança, teatro e cinema. Só isso, por isso mesmo já é um grande diferencial.

EM – O espetáculo dosa momentos de cinema e de teatro, finalizados num filme para internet. Como foi trabalhar com estas duas nuances e fazer com que os atores/atrizes não sentissem falta do calor do público presente nas demais versões ?

ML – Ator é um bicho interessante. É bicho que precisa ser estudado. Nós descobrimos, com esta filmagem, com esta nova proposta, que as pessoas que filmam, os outros atores que estão assistindo à cena ser gravada, esse povo todo virou plateia. Então, a gente aprende com isso também. Não é tão solitário. Tem uma equipe por trás. Essa equipe virou plateia e agente fica feliz.

EM – A bravura do povo mossoroense é representada neste espetáculo que retrata uma história de luta e vitória acontecida em 1927. Deixe uma mensagem para o público, para o povo mossoroense, para o povo brasileiro que todos os dias lutam contra inúmeras adversidades…

ML – O nosso momento agora de resistência é distanciar-se socialmente. Usar máscara, álcool em gel. Lavar as mãos diariamente e o tempo todo. Isso é uma prova de resistência. E isso é uma prova que nós aprendemos com nossos antepassados. Não custa nada nós repetirmos agora e, daqui a cem anos, ser contada a história de como o povo de Mossoró resistiu a uma pandemia, resistiu a Lampião, resistiu bravamente no motim das mulheres. Que as mulheres foram as primeiras a votar nas América Latina. Pronto. Nós somos um exemplo de resistência e vamos resistir sempre.