Diretor da Fundação Vingt-un Rosado faz homenagem ao seu pai falecido em dezembro de 2019

Um dos diretores da Fundação Vingt-un Rosado, Bruno Ernesto, faz homenagem ao seu pai, Francisco Ernesto Sobrinho, falecido em dezembro de 2019.

Bruno Ernesto Clemente, além de diretor da Fundação Vingt-un Rosado, já defendeu a instituição como advogado. Atualmente é membro da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais (ACJUS) e da confraria Café e Poesia.

O relato de Bruno sobre o seu pai traz um momento de saudade e de orgulho. E no dizer do próprio Bruno, sua partida deixou um vazio que jamais será preenchido“, comentou Eriberto Monteiro, colaborador da Fundação.

Segundo Bruno, “Tive a honra e o privilégio de ser filho do professor Francisco Ernesto Sobrinho. Convivi 39 anos com uma pessoa insubstituível. No plano familiar, foi um esposo, pai e avô devotado à família. Minhas lembranças mais marcantes dele são da minha infância, nas inúmeras viagens que fiz com ele, na velha Brasília branca dele, quando ia realizar suas pesquisas de campo ou visitar os familiares“.

E continua: “Era um homem que amava o sertão, os solos, a vida simples do sertanejo. Acostumou-se a cidade, mas nunca esqueceu suas origens, que, com muito esforço, de simples agricultor, tornou-se professor da antiga ESAM, doutorando-se e sempre contribuindo com suas pesquisas sobre solos, meio ambiente e a vida sertaneja. Teve como seu mentor o inesquecível Vingt-Un Rosado, amizade esta que perdurou por mais de quatro décadas a qual testemunhei in loco nas visitas de ambos, no meio de suas bibliotecas, nos inúmeros telefonemas. Era um homem temente a Deus, e nos seus últimos momentos de vida, com serenidade, soube manter a família e os laços de amizade ainda mais estreitos“.

Para mim, meu pai não morreu. Ele apenas foi dar uma aula de campo e logo chegará em casa“, finalizou Bruno.

Francisco Ernesto Sobrinho foi militar e professor na Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), hoje Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Além de exercer outras atividades profissionais.

Recentemente, Francisco Ernesto Sobrinho teve uma rua no bairro Rincão em sua homenageado, por proposição do vereador Francisco Carlos, a quem Bruno Ernesto agradece grandemente em nome da família.

Em junho de 2018, Ernesto Sobrinho fez uma visita cordial à Fundação Vingt-un Rosado. Na oportunidade, ele fez doação de sua obra para compor o acervo da Coleção Mossoroense.

Ele tinha estreita ligação com a Fundação Vingt-un Rosado. O mesmo era amigo pessoal de Vingt-un Rosado e de Dix-sept Rosado Sobrinho.

Acompanhe, abaixo, a história de vida do professor Francisco Ernesto Sobrinho:

 

Francisco Ernesto Sobrinho nasceu em Patu/RN, chegando a morar em Catolé do Rocha/PB, Caicó/RN, Natal/RN e, por último, em Mossoró/RN.

Desde cedo mostrou-se interessado pelos estudos e pelo trabalho. Trabalhou nas Lojas Maia ainda quando cursava o 1º grau. Foi morar com seu irmão, em Natal, concluindo o 2º grau no Colégio Ateneu.

Ele trabalhou como auxiliar de serviços gerais na Associação dos Professores, também em Natal. A partir daí, conseguiu um emprego na Escola Padre Miguelinho, onde conheceu Maria de Lourdes, sua futura esposa.

Entrou na primeira turma da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) para cursar Mineração, concluindo posteriormente e sendo aprovado no concurso da Companhia de Águas e Solos (CASOL).

Nos anos 60, veio morar em Mossoró e concluiu o curso de Agronomia (2ª turma) na Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM), hoje Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Foi exatamente neste período que conheceu Vingt-un Rosado e consolidou uma amizade duradoura.

Como acadêmico da ESAM, Francisco Ernesto chegou a morar em um dos apartamentos da caixa d’água da instituição.

Após a conclusão do curso de Agronomia, voltou à Natal e passou no concurso para o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas  (DNOCS).

Recebeu o convite de Vingt-un para trabalhar na ESAM como professor, recursando por não se achar preparado suficiente para assumir a docência.

Nos anos 70 foi fazer mestrado na área de Pedologia (estudo dos solos) na cidade de Viçosa/MG pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ao concluir, resolveu aceitar o novo convite de Vingt-un Rosado para lecionar Gênese e Pedologia até sua aposentadoria, em 1996.

Mesmo aposentado, Francisco Ernesto continuou sendo professor, desta feita, voluntário na área de campo e orientador dos alunos.

Fez doutorado em Manejo do Solo pela Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).

Escreveu a obra “Ecossistema Agrícola no semiárido – Na Trilha da Memória”, publicado com o selo da Coleção Mossoroense, deixando outras duas inéditas.

Em 2013, recebeu um prêmio da Associação Nacional dos Estudos do Solo, prêmio este considerado prêmio máximo de reconhecimento intelectual.

Do seu casamento com Maria de Lourdes nasceram Jean Carlos, Carla Janine, Bruno Ernesto e Leonardo Ernesto.

Até o seu falecimento, em 2019, Francisco Ernesto Sobrinho contribuiu por demais em trabalhos de campo.

Ele foi sepultado no solo do Cemitério Novo Tempo, em Mossoró. Solo este que sempre estudou e amou.