Bandeira de Mossoró tem novo redesenho e altera elementos. Veja o que mudou – Por William Robson

Mossoró completou no dia 15 de março, 169 anos de emancipação política. Significou dizer que o Município poderia, enfim, decidir o seu próprio futuro. Por sua vez, a data de 30 de setembro de 1883 ficou marcada pela abolição dos escravos, feito anterior à Lei Áurea. Ambos os momentos estão inscritos na bandeira, símbolo municipal que passou por reestilização a partir da Lei 3.875 publicada nesta quinta-feira (8).

Se Mossoró é um município relativamente jovem, se comparado a outras cidades, como Natal por exemplo com mais de 400 anos de fundação, isso não quer dizer que a bandeira fora concebida na mesma época. Pelo contrário. É mais nova do que você imagina. Foi adotada através do decreto, o de número 1.376, de 9 de novembro de 1995. Portanto, há menos de 30 anos.

O então prefeito Dix-huit Rosado, em seu último mandato incompleto, foi quem assinou o decreto. O que fez o então prefeito?  Introduziu o brasão do município, criado através do decreto 30, de 12 de dezembro de 1913, em uma área retangular dividida em azul e branco. “O azul significava o firmamento e o branco, a paz”, explica o historiador Geraldo Maia.

Assim, até 1995, Mossoró não tinha bandeira. Adotava tão somente o brasão de 1913 nas solenidades oficiais. Vale ressaltar que o mesmo brasão atual remete ao de 1913, criado sob o decreto do então prefeito Francisco Isódio de Souza, o único prefeito mossoroense negro da história. A reestilização atual tenta organizar a estrutura deste brasão das armas. “O que foi feito se assemelha com a reestilização do brasão do Rio Grande do Norte, que passou por alterações no ano passado”, conta o historiador sobre o desenho do brasão do Estado instituído em 1909.

E em tão pouco tempo de criada a bandeira, agora é o seu desenho que se modifica. Continua a mesma, é verdade, mas as alterações observam disposições, alinhamentos e os elementos que estavam mal projetados no pendão anterior, aprovadas pela Câmara Municipal. O prefeito Allyson Bezerra sancionou as mudanças no decreto que já está valendo.

Para um observador desatento, a bandeira não tem qualquer mudança. Segue com o símbolo das Armas Municipais dentro do retângulo dividido por duas cores: o azul na parte superior e o branco na parte inferior.  O decreto também disciplina o uso desta bandeira, a ser exposta nas manifestações do Município, de caráter oficial ou particular. No decreto, trata, por exemplo, de hasteamento “em mastro ou adriças, nos edifícios públicos ou particulares, templos, campos de esporte, escritórios, salas de aula, auditórios, embarcações, ruas e praças, e em qualquer lugar em que lhe seja assegurado o devido respeito; reproduzida sobre paredes, tetos, vidraças, veículos e aeronaves;  compondo, com outras bandeiras, panóplias, escudos ou peças semelhantes; conduzida em formaturas, desfiles ou mesmo individualmente; distendida sobre ataúdes, até a ocasião do sepultamento”.  Sobre isso, segue como antes.

No entanto, o que realmente muda na bandeira de Mossoró? O azul predominante na parte superior difere do azul das Armas Municipais. É mais claro, semelhante ao azul turquesa. Os dois remetem ao céu mossoroense, com esta cor predominante na cidade na maior parte do ano. A reestilização basicamente se dá nos elementos que compõem o brasão. O seu contorno foi alterado, ficando mais robusto destacando as cores azul (céu) e verde (significando a vegetação do município).

O redesenho deu mais visibilidade à ema, ave considerada na estética da bandeira como símbolo de Mossoró. “A ave era muito comum na Mossoró de 1913 quando o brasão foi criado. E significa o atributo da agilidade”, diz o historiador Geraldo Maia.

Na bandeira anterior, a ave era pouco destacada e agora “ganha formas mais harmoniosas a fim de ser facilmente identificada” no conjunto dos elementos.  Na verdade, a tonalidade da ema na bandeira anterior, se confundia com a da carnaúba.

Por sua vez, a carnaúba segue presente, com cor mais acentuada que contrasta com o sol. Isso quer dizer que dá para observar bem estes elementos dispostos na bandeira. A árvore escolhida como símbolo da cidade também ganhou melhor posicionamento a fim de deixar o sol mais visível. “Vale dizer que a carnaúba e o sal foram símbolos da economia do Município retratados no brasão”, ressalta o historiador.

Na Mossoró das altas temperaturas, o sol está presente. E tem olhar especial para cidade (com olhinhos e tudo), representando “o clima tropical e harmonizando com a vegetação e as salinas”. As salinas, características da cidade, foram redesenhadas e tiveram suas pirâmides melhor adaptadas no horizonte.

No denominado “listel”, a bandeira perde a faixinha amarrada nas cores verde e amarela para ganhar faixa solta e estilizada de predominância verde. Um pequeno detalhe em amarelo e branco nas pontas geram o contraste. A inscrição que faz menção à emancipação traz os dizeres: “Município de Mossoró 1852”.  No alto do brasão a inscrição “30 de setembro 1883” agora segue alinhada. Todas desenhadas na fonte “Avenir”, com variações sólidas e médias.

As alterações, como eram de se esperar, são de caráter gráfico e não estrutural, até porque mudar toda bandeira teria impacto e discussões muito maiores. “A bandeira fica mais moderna, sem perder a sua natureza histórica. Mantém as cores de 1995, o brasão de 1913 e se fortalece como símbolo maior da nossa terra”, comentou Geraldo Maia.

Agora, com novo desenho, os órgãos públicos vão se preparar para as mudanças que a bandeira impõe a partir desta quinta-feira (8). Um processo que altera o brasão e a bandeira para tudo o que for necessário para seu uso daqui por diante.