100 vezes Vingt-un – A Saga 21 – Por Dix-sept Rosado Sobrinho

Eu era estudante de Medicina, em Natal. Como eu morava em pensão, Vingt-un as vezes me visitava, para ver como eu estava e levava um dinheirinho. Num dia destes, ele foi e me levou para uma lanchonete. A melhor que tinha em Natal. Acho que o nome era Bom Lanche. Quando a gente sentou naqueles bancos altos da lanchonete, tinha um grande mural com o nome dos sucos e o preço de cada um. Era muito, muito, muito. A quantidade de suco que tinha era enorme. Ele pediu o primeiro suco na letra A. Veio, o garçom e serviu, enquanto eu comia um sanduíche com suco de laranja. Depois, Vingt-un pediu mais um suco: “-Agora traga aquele”, apontando qual suco desejaria beber. Posteriormente, ele pediu mais outro suco e mais outro e mais outro. Foi seguindo o roteiro do grande cardápio fixado na parede, sempre pedindo mais: “-Agora traga aquele”. Depois: “Agora traga aquele outro”. Continuou seguindo o roteiro de sucos de A a Z. Quando já tinha tomado quase todos os sucos, ele viu que tinha um que ele não conhecia e se chamava tutti trutti. Ele perguntou: “-Garçom, esse aí, é o quê?” o Garçom respondeu: “-É o que o senhor já fez: tutti frutti. Toda fruta”. Vingt-un na ânsia de provar mais um suco, respondeu: “-E é? Então traga”. E tomou com grande prazer mais um suco”.

Dix-sept Rosado Maia Sobrinho – Filho de Vingt-un e presidente da Fundação